sexta-feira, 31 de julho de 2009

The driveway.

It happened. There's no avoiding it. No forgetting. E tudo o que eu posso fazer é lutar pra que não aconteça de novo. Porque agora eu tenho certeza: não vou desistir. É o que eu quero, e tenho as armas necessárias pra batalhar, e vencer. So, that's what I'm doing, that's what I'll keep on doing. Eu não aguento mais essa vida de vestibulanda - escolhi meu caminho (há muito tempo) e até escolhi um caminho alternativo, então quero fazer logo alguma coisa! Agora eu também sei que seguir esse caminho alternativo enquanto tento alcançar meu objetivo maior não é uma desistência. No meu caso, é um modo de não enloquecer, porque meu cérebro vai entrar em pane com outro ano como esse.

A um ausente.

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.
(Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 25 de julho de 2009

It could be worse than it looks.

"Escrito e dirigido por Mark Herman a partir do livro de John Boyne, o roteiro ambientado durante a Segunda Guerra Mundial gira em torno do pequeno Bruno, um menino de oito anos de idade que, filho de um oficial do Terceiro Reich, tem as preocupações típicas de uma criança comum: aborrecido com a mudança da família para o interior, onde o pai administrará um “campo de trabalho”, ele logo se vê entediado pela falta de companhia – e, assim, é com alegria que conhece um garotinho que, vivendo do outro lado da cerca eletrificada da “fazenda” próxima à sua casa, parece usar “pijamas” o dia inteiro. É fácil perceber como esta premissa poderia se transformar rapidamente num melodrama maniqueísta e artificial com o claro propósito de inundar de lágrimas os olhos dos espectadores, mas, para crédito de Herman, o filme ganha força justamente em função de sua abordagem contida, que evita até mesmo escalar duas crianças excessivamente “engraçadinhas” para viver a dupla principal, privilegiando a espontaneidade dos pequenos intérpretes que, assim, surgem verossímeis e, por isso mesmo, mais tocantes. Da mesma forma, o cineasta não tenta martelar as crueldades do regime nazista na cabeça do público, ciente de que já estamos mais do que familiarizados com os horrores perpetrados por Hitler e sua corja. Esta estratégia, aliás, já fica clara na seqüência inicial da projeção, quando a câmera do diretor acompanha alguns garotinhos alemães enquanto estes brincam despreocupadamente pela cidade, eventualmente encontrando dezenas de judeus que, sob a brutal supervisão de soldados nazistas, são obrigados a esvaziar suas casas a fim de serem conduzidos aos campos de concentração – algo que as alegres crianças, concentradas em suas brincadeiras, obviamente não notam (e, mesmo que notassem, não seriam capazes de compreender as implicações do que viram). Este, aliás, é o ponto-chave de O Menino do Pijama Listrado: durante quase toda a narrativa, testemunhamos aquele terrível período a partir do ponto de vista das crianças, que, ingênuas ou mergulhadas em seu próprio mundo sem compromissos, muitas vezes não percebem ou compreendem o que está ocorrendo. Além disso, o contraste entre as realidades de Bruno e Schmuel não poderia ser maior: enquanto o primeiro é um garoto saudável e alegre, o segundo surge com os dentes apodrecidos pela subnutrição e com um ar de cansaço doloroso de se testemunhar em uma criança – e é ainda mais tocante ouvir sua primeira pergunta ao descobrir que Bruno vive na casa localizada nas proximidades: nada sobre seus brinquedos ou seus pais, mas sim se “há comida lá”. Já Bruno, ao ouvir a informação de que seu novo amigo é judeu, reage com um susto que é conseqüência das dezenas de histórias pavorosas certamente narradas pelos adultos anti-semitas. Ainda assim, com a abertura que só uma criança pode exibir, ele logo descarta suas idéias preconcebidas ao perceber que, judeu ou não, Schmuel é um menino como ele – e, portanto, um parceiro ideal de brincadeiras. Da mesma forma, ainda que o medo provocado por um adulto repressor provoque um sério desentendimento entre os garotos, é a doçura infantil de ambos que permite que, mesmo magoados, sejam capazes de se perdoar pela mentira que, sabem, era apenas uma forma de se protegerem da crueldade do mundo dos mais velhos. Comandando com segurança a narrativa, Mark Herman eventualmente passa a focar também o olhar dos adultos, algo quase inevitável para o desenrolar da história – e, assim, passamos a acompanhar principalmente a crescente desilusão da mãe de Bruno diante do marido à medida em que percebe a dimensão dos atos deste. Se inicialmente ela exibe um anti-semitismo igualmente revoltante (em certo instante, ao ver um prisioneiro judeu em sua casa, reclama, como se tivesse se deparado com um rato: “Havia um deles em nossa cozinha!”), a mulher vivida por Vera Farmiga eventualmente passa a perceber o óbvio: a humanidade daquelas pessoas. Como se não bastasse, ela testemunha, aterrorizada, a doutrinação de sua filha mais velha por um professor nazista, que realiza uma verdadeira lavagem cerebral na impressionável garota. Mas se tematicamente o filme ressoa bem, é em seu aspecto dramático que realmente se revela marcante: com uma conclusão impactante em sua impiedosa ironia, O Menino do Pijama Listrado constrói seu clímax com eficiência através da montagem nervosa de Michael Ellis, que alterna o foco da narrativa com precisão cirúrgica entre os garotos e os adultos, e da ótima trilha de James Horner – que, normalmente tão inclinado ao excesso e à auto-repetição, aqui encontra um ótimo equilíbrio ao comentar a trama sem tentar conduzi-la através da dramatização excessiva. Com isso, Herman constrói um desfecho mergulhado em dor e terror, lembrando-nos de algo que os adultos que levam seus filhos para acompanhar sermões de intolerância e ódio deveriam ter sempre em mente: no final das contas, são nossos filhos quem pagam – e caro – pelos erros de julgamento que cometemos."

Pablo Villaça


Porque diz exatamente a minha opinião sobre o filme, e porque ele é o melhor crítico de cinema que eu conheço :D

sábado, 11 de julho de 2009

Life sucks, then you die.

Quase um ano depois de seu lançamento, a edição em português do último livro da saga Twilight, Amanhecer, chega às livrarias. Devorei o livro em menos de três dias. Sabia muita coisa da história e de todos os defeitos apontados pelos leitores e, por isso, já estava preparada para me decepcionar um pouco - o que acabou nem acontecendo. Sinceramente, alguém esperava mesmo outra coisa além de sexo implícito? O livro é bem menos casto do que eu imaginava, e Bella acordando cheia de hematomas e coberta de penas é o bastante pro leitor imaginar o que aconteceu. A maior reclamação dos twilighters - a falta de uma guerra entre os Cullen e os Volturi -, pra mim, fez todo o sentido. Atacar o outro lado naquelas situações iria totalmente contra a personalidade dos dois clãs, e a tal "conversa milagrosa" foi um conflito mental tenso que chegou à beira de se transformar em batalha em vários momentos. A evolução de Bella, com tantas coisas novas e estranhas acontecendo em sua vida (o casamento, a gravidez e a imortalidade) foi mostrada perfeitamente, e ela continua a mesma garota "com um cérebro defeituoso" do primeiro livro, só que levando uma vida completamente diferente do que ela jamais imaginou. Uma saga de amor como Crepúsculo não poderia acabar de outra maneira: depois de todos os conflitos, Edward e Bella agora são felizes, e é assim que continuarão para sempre. O imprinting que Jacob sofre com Renesmee, a fofíssima filha do casal principal, forma uma aliança inquebrável entre lobisomens e vampiros. Aliás, em Amanhecer, o mundo sobrenatural da saga ganha muito mais destaque, mas não deixando de lado o amor apaixonado e desesperado da humana-e-depois-vampira e do vampiro. Twilight pode não é o melhor livro do mundo em termos de qualidade, mas cumpriu perfeitamente bem seu papel: te encantar, te deixar suspirando pelo amor verdadeiro e intenso dos protagonistas e não te deixar desgrudar do livro até que termine. E que venham os três filmes restantes!